O que a Bíblia fala sobre a Tribulação?

"Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver" (Mateus 24.21)


A Bíblia fala sobre a Tribulação. Dos eventos escatológicos mencionados na Bíblia – e que breve se tornarão realidade - a Tribulação será o segundo, iniciando-se logo após o Arrebatamento da Igreja do Senhor Jesus Cristo. Neste post, procuramos falar sobre esse tema respondendo algumas perguntas, como seguem:

1. O que é a Tribulação?

A Tribulação não pode ser confundida com os momentos difíceis de aflições e sofrimentos sempre associados à vida humana (João 16.33) e, de modo específico, presentes na vida da Igreja (2 Timóteo 3.12). No contexto da Bíblia, a Tribulação será um evento futuro e representará os justos juízos de Deus sobre o mundo pecador, cujos padrões se opõem aos padrões de santidade e de justiça de Deus. O desprezo à salvação que Deus ofereceu na pessoa de seu filho Jesus Cristo – e ainda oferece – também justificará os juízos de Deus sobre este mundo.

2. Quais livros da Bíblia falam sobre a Tribulação?

Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento fazem alusão à Tribulação. No Antigo Testamento, a Tribulação é denominada de “Dia do Senhor” – com algumas variações - e é mencionada, sobretudo, nos livros proféticos. Leiamos, a título de exemplo, o texto bíblico que segue: “O grande dia do Senhor está perto, sim, está perto, e se apressa muito; amarga é a voz do dia do Senhor; clamará ali o poderoso. Aquele dia será um dia de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas, Dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortificadas e contra as torres altas. E angustiarei os homens, que andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó, e a sua carne será como esterco. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do Senhor, mas pelo fogo do seu zelo toda esta terra será consumida, porque certamente fará de todos os moradores da terra uma destruição total e apressada” (Sofonias 1.14-18 - destaque nosso)

No Novo Testamento, a Tribulação é mais detalhada e é referida no Evangelho de Mateus – e paralelos – em algumas cartas paulinas e, principalmente, no livro de Apocalipse, que descreve os seus desdobramentos com muitos detalhes. A título de exemplo, leiamos o que Jesus falou sobre a Tribulação: “Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados” (Mateus 24.21,22)

Nas cartas paulinas – não em todas - a referência à Tribulação é feita usando-se a palavra “ira”, como se constata nos exemplos que seguem: “E para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura” (1 Tessalonicenses 1.10 - destaque nosso). “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 5.9 – destaque nosso). “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira(Romanos 5.9 – destaque nosso)

3. Por que a Tribulação existirá?

A Tribulação existirá por dois motivos básicos: 1) punir a humanidade em razão dos padrões que ela resolveu adotar, padrões esses que se opõem aos padrões de santidade e justiça de Deus. Sobre isso lemos: “Eis que o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação e destruir os pecadores dela” (Isaías 13.9). “De todo será quebrantada a terra, de todo se romperá e de todo se moverá a terra. De todo vacilará a terra como o ébrio e será movida e removida como a choça de noite; e a sua transgressão se agravará sobre ela, e cairá e nunca mais se levantará” (Isaías 24.19,20); 2) Preparar a nação de Israel para sua conversão, fazendo-a reconhecer e aceitar Jesus como o seu Messias. Sobre isso lemos: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos” (Daniel 9.24). “E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados” (Romanos 11.26,27)

4. O que acontecerá na Tribulação?

Vários eventos estão previstos para acontecer durante o período da Tribulação. Os detalhes desses eventos estão registrados no Apocalipse, aparecendo ali de forma figurada, em um contexto de muita simbologia. Os juízos dos sete selos (capítulos 5,6 e 8), por exemplo, tratam do surgimento do Anticristo (cavalo branco), dos sofrimentos decorrentes de possíveis guerras ( cavalo vermelho) e da fome como consequência dessas guerras (cavalo preto).

Já os juízos das sete trombetas (capítulos 8,9 e 11) – que são um desdobramento do sétimo selo – atingirão a terra, queimando a terça parte de sua flora (1ª trombeta), o mar, matando a terça parte da vida marinha (2ª trombeta), os rios e as fontes das águas, que se tornarão amargas (3ª trombeta), o sol, a lua e as estrelas, trazendo escuridão à terra (4ª trombeta), os homens, que serão atormentados por demônios, a ponto de pedirem a morte (5ª trombeta). Na sexta trombeta, pragas de fogo, fumaça e enxofre matarão a terça parte dos habitantes da terra. A sétima trombeta, diferentemente das outras, anuncia a volta gloriosa do Senhor Jesus à terra para estabelecer seu reino milenar.

Os juízos das sete taças (capítulos 15 e 16), por sua vez, atingirão os homens com uma chaga maligna (1ª taça), o mar, que se tornará em sangue (2ª taça), os rios e as fontes das águas, que também se tornarão em sangue (3ª taça), o sol, que ficará mais quente (4ª taça), o trona do Anticristo, tornando seu reino tenebroso (5ª taça), o rio Eufrates, preparando o caminho para a guerra do Armagedom (6ª taça) e o ar, causando um terremoto jamais visto, com consequências inimagináveis (7ª taça).

Paralelamente a esses eventos de juízos, outros eventos ocorrerão: a escolha dos 144.000 mil judeus que proclamarão o Evangelho durante a Tribulação (Apocalipse 7. 1-8); a vinda a Jerusalém das duas testemunhas para testemunharem sobre Deus aos judeus (Apocalipse 11); a perseguição diabólica aos judeus (Apocalipse 12); a organização do reino do Anticristo (Apocalipse 13); o julgamento e queda da Babilônia, vista aqui como a falsa religião que fará parte do reino do Anticristo (Apocalipse 17,18 e 19).

É válido salientar, também, que durante o período da Tribulação muitas pessoas ouvirão o Evangelho, crerão em Jesus, rejeitarão o domínio do Anticristo e, como consequência, serão mortas. Tais pessoas alcançarão a salvação e estarão eternamente na glória de Cristo! (Apocalipse 7.9-17)

5. Quanto tempo durará a Tribulação?

Acreditamos que a Tribulação durará sete anos, conforme nos indicam as profecias de Daniel 9, nas quais a palavra “semana” deve ser entendida como semana de anos, isto é, sete anos, e não semana de dias. Dessa forma, ao fazer referência a acontecimentos proféticos relacionados à nação de Israel durante o período de setenta (70) semanas (Daniel 9.24), o texto sagrado se refere a semanas de anos, o que totaliza quatrocentos e noventa (490) anos, iniciados com a “ordem para restaurar e para edificar Jerusalém” (Daniel 9.25). Dessa ordem até à morte de Cristo no Calvário, passaram-se sessenta e nove (69) semanas – ou 483 anos – faltando apenas o período correspondente à septuagésima (70) semana, que é o período da Tribulação. Esse período não tem data prevista para começar, visto que, desde a morte de Jesus até nossos dias, estamos vivendo a era da Igreja do Senhor. Essa era terminará com o arrebatamento dela e, como consequência, teremos o início da septuagésima (70) semana das profecias de Daniel, que é o período da Tribulação.

6. A Igreja passará pela Tribulação?

Há na Bíblia vários textos que nos garantem afirmar que a Igreja não passará pela Tribulação, mas será arrebatada antes desse evento escatológico. Em 1 Tessalonicenses 5.16-17, temos a promessa do arrebatamento, como lemos: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”

Já nos versículos que seguem, vemos as promessas do Senhor de que guardará a sua Igreja da Tribulação. Nelas, a palavra “ira” é uma referência a esse evento: “E esperar dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura” (1 Tessalonicenses 1.10). “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 5.9). “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra” (Apocalipse 3.10)

Portanto, precisamos compreender a Tribulação como um evento no qual o principal protagonista não é Satanás nem o Anticristo, mas o próprio Deus, que exercerá seus juízos sobre a humanidade, evidenciando que Ele é Senhor absoluto e reina sobre os povos, conduzindo-os aos seus propósitos eternos. Enquanto crentes em Cristo e membros de sua Igreja gloriosa, devemos estar atentos aos acontecimentos, certos de que em breve o Senhor Jesus aparecerá nas nuvens para se encontrar com sua Igreja, pois ela não passará – como vimos acima – por esse período terrível, de sofrimento inimaginável, que espera a humanidade no futuro bem próximo. A Bíblia fala!


Augusto Pereira

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