O evangelho do século XXI: moeda de troca?

“Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mateus. 4.17).


O Evangelho pregado por Jesus no início de seu ministério, conforme relato do texto bíblico supracitado, deixa-nos com extrema saudade! Era este evangelho que Paulo pregava e do qual dizia: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê...” (Confira Romanos 1.16). Salvo raríssimas exceções em algum ponto deste país ou mesmo na mídia contemporânea, muitos pregadores já não pregam mais o evangelho proposto por Jesus e pelos apóstolos do primeiro século. O evangelho do século XXI, pregado em muitos púlpitos, passou a ser uma moeda de troca, estando em oposição ao evangelho do primeiro século, presente nas páginas da Bíblia Sagrada. Nas linhas que seguem, sem querermos esgotar o assunto, traçamos um perfil do evangelho do primeiro século, presente nas Escrituras Sagradas, e do evangelho do século atual, muito presente nas mídias e em muitas igrejas evangélicas de nosso país:


O evangelho do século I enfatiza a necessidade do arrependimento (Mateus. 3.2; 4.17; Atos 3.19), colocando o homem na condição de pecador diante de Deus. O evangelho do século XXI enfatiza o fascínio das riquezas, colocando o homem na condição de merecedor das dádivas de Deus.

O evangelho do século I enfatiza o poder de Deus para a salvação do homem (Romanos. 1.16), deixando a evidência de que o homem está espiritualmente enfermo e precisa do poder curador de Deus para sua enfermidade, o pecado. O evangelho do século XXI enfatiza o poder de Deus para o acúmulo de bens materiais, deixando a evidência de que o homem está são e a única coisa de que precisa, para sua satisfação, são os bens materiais.


O evangelho do século I enfatiza a presença do reino de Deus (Mateus. 4.17) e a iminência da vinda de Cristo (Filipenses. 3.20), situando o homem em uma dimensão espiritual. O evangelho do século XXI enfatiza o reino mundano (satânico?), situando o homem em uma dimensão essencialmente material.

O evangelho do século I enfatiza a fé em Deus como requisito para uma vida espiritual bem-sucedida (Romanos. 1.16; Marcus. 15.16). O evangelho do século XXI enfatiza a fé em Deus para uma vida material bem-sucedida


O evangelho do século I enfatiza a necessidade de conversão (Atos 3.19) e de novo nascimento (João. 3.3), o que implicava mudança de vida e submissão total ao senhorio de Cristo. O evangelho do século XXI enfatiza a necessidade de se aceitar a Cristo mais como um ato social, sem conversão, sem novo nascimento, sem mudança de vida.


O resultado desse evangelho antropocêntrico - centrado no homem - desprovido de arrependimento, de conversão, de novo nascimento, de vida com Deus, de fé e de poder para a salvação, presente em tantos púlpitos e, principalmente, na grande mídia deste país, não poderia ser outro: igrejas cheias de crentes insensíveis ao pecado, amigos dos prazeres, materialistas, carnais, vazios e sem conhecimento de Deus, promovendo a glória humana em detrimento da glória de Deus. Este não é, definitivamente, o evangelho de Cristo e dos apóstolos. Este não é o evangelho em que eu creio, nem o evangelho que prego. A Bíblia fala!


Augusto Pereira


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