A parábola do semeador: a semente que caiu entre os espinhos

“Um semeador saiu a semear a sua semente” (Lucas 8.5)

Continuando a série de estudos sobre a parábola do semeador, mostraremos mais um grupo de pessoas e como elas reagem ao ouvir a palavra de Deus, bem como as implicações espirituais aí envolvidas. Já dissemos que há quatro diferentes grupos de pessoas que apresentam distintas reações quando são alcançadas pela palavra de Deus. Em posts anteriores, falamos sobre dois grupos, ou seja, o grupo dos que estão à beira do caminho e o grupo dos que estão sobre as pedras. Neste post, falaremos de mais um grupo, como segue:


3. O grupo dos que estão entre os espinhos.


"A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer" (Lucas 8.14).


Percebemos, pela narração do texto bíblico acima, a presença de três fatores que caracterizam a vida das pessoas que estão inseridas neste grupo. A atenção delas se volta para os cuidados, riquezas e deleites da vida. Falemos um pouco de cada um desses fatores.


a) Os cuidados da vida.


A nossa vida cotidiana nos propicia vários afazeres: ora nossas atenções estão voltadas para a família, ora para o trabalho, ora para os estudos, ora para os negócios. Nada disso é ilegítimo quando se tem em mente a sobrevivência e quando os nossos corações estão postos em Deus, que "tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento" ( confira 1Timóteo 6.17). No entanto, quando nos debruçamos sobre essas coisas sem uma atitude de oração, tudo se torna um perigo. Até mesmo coisas simples como o desejo de realização profissional, por exemplo, passam a ser obstáculos para que vivamos uma vida de comunhão com Deus abundante. É isso, infelizmente, que marca a vida das pessoas que fazem parte do grupo dos que estão entre os espinhos. Ou seja, elas estão profundamente sufocadas pelos cuidados da vida. Com o coração distante de Deus, investem em seus negócios, em suas carreiras profissionais, de modo que não se apercebem que estão vivendo uma vida vazia, distante de Deus. Vale para elas - e também para nós! - a advertência de Jesus, quando diz: "buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mateus. 6.33).


b) As riquezas da vida.


Este é mais um fator que impede que as pessoas sirvam a Deus com absoluto desprendimento. É evidente que não são as riquezas em si que nos afastam de Deus. Acredito que, apesar das dificuldades, um rico poder servir a Deus verdadeiramente. Entretanto, Jesus nos adverte contra os perigos que as riquezas podem trazer à vida de uma pessoa que pensa em servir a Deus, sobretudo quando o seu coração está posto nela (confira Mateus. 6.24). Foi, certamente, por esta razão que Jesus pediu a certo jovem rico que se desprendesse de suas riquezas e lhe seguisse, mas "o jovem ouvindo esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades" (Mateus. 19.22). As pessoas deste grupo, ou seja, do grupo dos que estão entre os espinhos, infelizmente, estão fascinadas pelas riquezas deste mundo, que estão lhe roubando o céu e uma vida eterna na presença do Senhor. O fascínio das riquezas tem desviado muitas pessoas da comunhão com Deus. No entanto, as palavras do Senhor continuam soando aos seus corações: "Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição" (1 Timóteo 6.9).


c) Os deleites da vida.


Os deleites da vida também têm sido empecilho à vida de muitos que escutam as palavras do Senhor. Esses deleites estão relacionados aos requintes da vida social: as bebedeiras, as luxúrias, os prazeres, etc. Na verdade, muito daquilo que se enquadra dentro "dos deleites" da vida aparenta ser inocente e socialmente legal. É o caso, por exemplo, das bebedeiras de final de semana. Aparentam ser inocentes por estarem atreladas à vida social, mas se constituem pecado diante de Deus. Infelizmente, muitos não querem abrir mão delas para servir a Deus genuinamente. Os deleites da vida têm, de fato, sufocado aqueles que a eles se doam, impedindo-os que vivam uma vida de comunhão com Deus. Mas a palavra de Deus continua a proclamar: "Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tiago. 4.4).


A questão espiritual envolvida nos fatos que marcam as pessoas deste grupo é que elas estão sufocadas. Os fatores que descrevemos acima as sufocam, levando-as a viverem uma vida sem profunda comunhão com Deus. A meu ver, as pessoas deste grupo, em relação às pessoas dos grupos anteriores, são mais problemáticas para a vida da Igreja em função da vida materialista que vivem. Elas estão dentro da igreja, ouvindo a palavra de Deus constantemente, mas os frutos oriundos dessas pregações não amadurecem, deixando-as vulneráveis espiritualmente, sem frutos que possam agradar a Deus. E você, caro leitor, se imagina participante deste grupo? Os cuidados da vida, a sedução das riquezas e os deleites mundanos têm impedido que você viva uma vida de comunhão intensa com Deus? Lembre-se disto: "o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente" (1 João. 2.17). Continuamos no próximo post. A Bíblia fala!


Augusto Pereira


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